sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ó morte


Tristes são os enredos da solidão
Imaculada, senhora sem coração
O olhar escondido,
Não transparece nem um sentido escolhido.

No silêncio dos meus passos,
Sombra minha, sobre cansaços
E… Ó minha morte, chama…
Todo o meu nome, á tua voz, proclama.

Na tua gélida pele
Eu grito e toco-lhe,
No seu olhar foco-lhe
Um sorriso forçado de mel!

Triste senhora, és dona, és minha
Razão única sem qualquer adivinha
Quero entrelaçar-me nos teus braços,
Caminhar contigo e escutar os nossos passos.

Ser única, ser nada, ser ninguém…
Por nenhum instante me julgaram alguém
E ser a tua vaga luz,
Que te queima e aprisiona na tua cruz.

Patrícia Vieira
22.Abril.2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Marco...



É melhor Amar,
Que ser amado
Mas se tudo é verdade do que possam falar
Porque observam cada atitude como um pecado?

Olho o teu retrato, e só me lamento
Por não te conseguir fazer feliz em todo o tempo,
E no fim o que me resta em o olhar?
As lágrimas que me correm na alma ao pensar.

E estou perdida nos pensamentos,
Confusa entre a lágrima e o sorriso
Dependência criei de todos os momentos,
Desse ser, que eu preciso!

E nunca mais volta atrás o momento que passou
Queria sustê-lo e pará-lo, o tempo que não parou
Queria agarrá-lo,
E não mais ao vento libertá-lo!

Quem foi? Que me roubou o teu beijo,
Quem foi? Que te levou, já nem aos meus olhos te vejo
Quem foi? Que me roubou o abraço,
Que levou tudo para longe, e me deixou o cansaço…

Em lutar pelo desconhecido,
E se Amar é para isto, mesmo assim amarei no perdido
Irei enfrentar todas as tempestades do nosso Amor,
E se fores, e depois voltares, irei esperar sem rancor

Apenas quero rezar pelo destino,
Que invoque á proibição
Uma razão,
Um simples sentido definido.

Amo-te tão verdadeiramente,
Até me desvanecer descontroladamente
Irei não ao fim do mundo por ti
Mas ao infinito,
E dar-te tudo o que me deste e não devolvi.
Patrícia Vieira

terça-feira, 7 de abril de 2009

Não mais proclamarei o teu Nome



Deixei de proclamar o teu nome nos dias que correm, e já são tantos, aqueles que passaram. Já não sei com que intensidade ou emoção o proclamava, apenas lembro a palavra porque te chamava, “Mãe”.
Desvaneceram-se do céu as nuvens na chuva que continua a cair, como cai do meu coração dia após dia a lágrima do teu partir. Não partiste porque o tempo te levou, dói por teres sido tu a querer tomar esse rumo. E eu não fazer parte de qualquer um dos teus planos.
Questiono-me várias vezes se não fui a estrela que desejas-te, ou se fui o projecto inacabado que no lixo deixaste. Não encontro resposta, onde poderei ter errado? Não me vou aproximar de ti, não consigo porque não quero fazê-lo. Impediste-me de prenunciar o nome que durante tantos anos fui habituada a proclamar, não é justo que hoje o queiras mudar. E mesmo que o queiras, até mesmo que peças, ou implores da minha boca não ouvirás. Parece ser muita a saudade de uma simples palavra destinada a somente uma pessoa, mas não prenunciarei em mais nenhum dia da minha vida, ainda que me desvaneça em lágrimas.
Roubaste-me o Sol que irradiava, ainda que por entre as nuvens que permaneciam no céu. Roubaste-me todo o universo que me observava noite após noite. Roubaste-me a capacidade de compreender o valor da família. Tiras-te de mim toda a infância, mesmo a não vivida, porque ainda assim era sonhada. E vós destruís-te todos os meus sonhos!
Porque o fizestes? Deixaste-me no vazio, sem dó nem piedade, deixaste-me ao relento e ao frio.
Sem quereres saber dos perigos que corria, ou da fome que se aproximaria. Não quiseste saber, ignoras-te tudo pela tua razão de viver. Foste egoísta, e nem pensaste nos que carregas-te 9 meses de gestação, nada te importou. Terei sido um fardo para ti? Provavelmente não passei de uma falhada. Sempre que me refugiava e não queria mais nada senão o silêncio e o escuro que me envolvia.
Gritei tanto por esse nome. Tanto, em tantas e diversas vezes. Quando tive medo do escuro, quando tinha medo de alguém, quando queria que tudo terminasse, quando estava chateada contigo, quando queria que me protegesses, ou simplesmente quando te chamava. “Mãe, Mãe, Mãe”, e um safanão tantas vezes levei depois de proclamar tão alto o teu nome. Perdoa-me o nervosismo, dizia sempre eu!
Ainda me recordas, tanto quanto eu te recordo? Ainda sonhas comigo, ou pensas em mim? Ditas ser este o fim? E mesmo que não seja, a mágoa que fizeste correr, o vento que velozmente soprava e deixaste me envolver, não perdoa. Não esquece.
Ensinaste-me a Amar tudo o que não me vê, mas me escuta. Fizeste-me perceber o verdadeiro valor de ter as pequenas coisas, porque não podia ter senão o que me fazia falta, e ainda assim faltava. Não te condeno pelo que não tive, condeno-te por não nos teres dado o que necessitávamos para sobreviver para o teu maior e melhor bem-estar.
Uma equipa de basket não é feita somente com uma pessoa, e se essa joga sozinha tem menos probabilidades de conseguir assestar. Se assestas-te tudo quando querias, fizeste-o sem pensar em mais ninguém, e no jogo da “vida” vences-te sem qualquer barreira que te fizesse parar, nem mesmo a barreira dos que não seriam só parte da tua família, mas seriam parte de ti.
Sei que um laço forte nos une, permaneci dentro de ti 9meses e sentis-te os meus primeiros pontapés, viste-me pela primeira vez, pegaste-me e deste-me de mamar. Pergunto hoje, mesmo sem olhar para ti, alguma importância isso teve para ti?
Provavelmente todas as recordações que tens minhas tornaram-se vãs e mais nada faça para ti sentido senão o esquecimento de uma Filha, que viste a crescer e entregaste-a ao vento na esperança de ele a poder “varrer” para longe de tudo o que te rodeia.
Um dia hoje passado, amanhã mais outro talvez… e tudo igual, com um sentido monótono, mas com a certeza que Mãe só á uma, e a minha castigou-me fazendo-me filha do Tempo, que para mim terminou no desalento.


Patrícia Vieira

domingo, 5 de abril de 2009

No revirar do Pensamento




Acende um cigarro,
Olho para ele, sem o achar bizarro!
Caminha lentamente sobre as rochas,
E continua além, perdi o rasto das suas costas

Acabou por se sentar,
Durante breves momentos somente olhou o mar.
E pegou numa pedra que ao mar enviou
O seu sentimento ali se manifestou

Com expressão triste e revoltada.
Qualquer que seja a razão,
Do mundo está apagada,
Ainda assim, reside no seu coração!

Vejo o seu corpo ao longe curvado
Para se equilibrar nas rochas,
Para não escorregar e terminar molhado.

Não sei o que pensa,
Nem o que sente.
O seu rosto de tristeza aparenta,
Mas que dor estará envolvente?

Acaba por se aproximar,
Caminhando lentamente
A mão agarra o casaco,
E baixo está o olhar!

Passou por mim,
Olhou-me nos olhos
São como folhas que desfolho
De uma eternidade sem fim

A pele morena, e já de meia-idade
Que perguntas fará ele em toda a obscuridade?
Seguiu o caminho e vai para outra praia
Despeço-me sem destino,
Esperando que algo lhe valha.

Patrícia Vieira
3.04.2009

Luz

Abro o meu coração Ele espera receber-te Deixa que o invadas de paixão De sonho e fantasias por pertencer-te Um pontão com sentimentos agarr...