segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Pensamentos



Conquistas abstractas, sonhos desfeitos, ilusões vencidas, batalhas perdidas, vida questionada, pensamento alheio, e tudo o que sou é diferente de quem me observa. O mar escuta as minhas palavras, mesmo aquelas que não prenuncio. Nele reflecte o sol, que deixa o mar translúcido e sereno. As ondas desenrolam-se como se tocassem no corpo de uma mulher, tão carinhosamente, e ao mesmo tempo tão demorada a chegada à beira mar. Quando a onda se deixa desenrolar até à areia, é tão intenso quando depois retoma o mar. Foi como um beijo prolongado na areia, tal como se beijasse uma mulher e lhe despertasse todos os sentidos. Depois o beijo vai embora, enquanto a mulher e a areia chora por um regresso. É quando a corrente traz de volta o beijo que o vento levou.
Palavras incertas, talvez sim muito poucas. O percorrer dos lábios no seu corpo, do seu toque, ou o simples olhar que se cruza transbordas sentimentos inigualáveis e desde sempre os mais desejáveis.
Vejo nos sinais verde, laranja, vermelho é a hora de parar, ainda que por momentos o tenhamos de fazer é sempre agradável, ao ver o baloiçar dos barcos no mar, flutuam com tamanha delicadeza. O horizonte diz-me mil e uma palavras, repetidas algumas delas, de forma a criar ênfase no meu pensamento.
É uma posição de equilíbrio e paz ao mesmo tempo incontável, e nem sei se se torna desejo saber o que está para além dele, é inexplicável observá-lo, e isso por enquanto chega-me e completa-me.






Patrícia Vieira

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Queria somente afastar as simples memórias, queria deixar todas as forças contraditórias.
Um passado me puxa, mesmo quando tento despedaçá-lo de mim.
Ele lembra, ele relembra, ele puxa-me, ele quere-me!
Recordações, sonhos e pesadelos que me perseguem dia após dia, pergunto eu perante a luz do dia, qual será a razão de sua existência, perante os meus olhos desvanecesse o mundo.
Eu não quero saber do sonho que voou, do pensamento que se soltou, ou do lugar que qualquer força levou.
Não quero saber do amor não correspondido, da familia perdida, do eu apagado.
Eu não quero saber, e dou tudo o que tenho e não tenho em mim, dou todo o mundo que e desmoronou e aos poucos entre lutas, desistências, e glórias contrui.
Posso dar tudo, mas será que algum segundo de mim aceitam?
Já nem as estrelas me olham, estás simplesmente dispersas no ar, como se cada uma fosse independente de qualquer coisa, e conseguisse brilhar sozinha, já nem elas precisam que eu as obeserve.
O mar bate tão calmo nas rochas, quando o toco, já não sinto a mesma frescura na minha face que me fizesse prenunciar com o mesmo amor "Ho meu mar!"
O vento leva tudo o que me resta de sorrisos e lágrimas, de pensamentos e memórias.
E a lua, vai diminuindo com o passar dos dias, esquecendo e desvanecendo quem sou!
O que será amanhã de mim? Senão o nada, senão uma razão degradada.
Desejo, que tudo voe para longe e que a paz possa reinar no inexistente de mim.
Quase que desejo me resumir a cinzas e pó, e voar com o vento por todos esses ceus libertos, cheios de atalhos dispersos, que me poderiam levar, onde não sei.
Mas tantas vezes caminhei, sozinha, no desconhecido. Esta seria somente mais uma, mais uma num lugar perdido!
Apenas a diferença estaria em estar perante a Natureza, e ela me acolher.
Sem humanos, sem sociedade, sem pais, sem irmãos, sem amigos, sem razões.
Somente eu e a Natureza, esquecendo o que quer que aconteca.
Porque eu já não tenho mais nada.
Vou tomar os caminhos conhecidos pelos meus pés, e desvanecidos do meu olhar, e só os meus passos me dirão onde me irão levar, não temo o presente, temo que o passado penetre nele constantemente, pois é ele que me aflige, sempre que a força me ergue e ele em flecha me atinge,
Destruindo o meu Ser.


Patrícia Vieira

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Lágrimas derramadas

E parece que tudo voou com o tempo
Todas as músicas do momento,
E todas as palavras que ditam ao firmamento
Parecem dispersar-se num desalento

Todas as folhas já escritas
Voam, não mais são palavras proferidas
E ainda tento agarrá-las
Mas tudo me foge, o vento está a despedaçá-las

Talvez quero dizer apenas “basta”
Tudo o que levas, tudo o que afasta
É cada pedaço e sentimento tão meu
É cada pensamento, e um lugar teu

As lágrimas acabam por surgir
Entre indecisões que me levam a pensar
Que caminho seguir
Deixarei o vento me levar?

Quem sabe nas asas dele também poderei voar
Sobre imagem tão desfeita como as folhas no ar
Mas talvez sentirei a libertação
De um grito, que chamarão “trovão”

Patrícia Vieira
9.12.2008

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Meu querido,
Desejo que de qualquer parte possas ler esta carta
Anseio e tenho esperança que para ti ela parta

Já sinto tantos os dias,
Longe de ti, e com todas as ausências reflectidas
Sinto que te perdi realmente,
E não consigo desvanecer esta dor envolvente

Talvez tenha sido o mar que te levou
Mas porque teria ele te levado a mim?
E agora roubou,
Tudo o que hoje foi o meu fim

Esta é a ultima carta que te envio
Será a ultima a afundar o navio
Porque todas as tentativas
Afundaram-se tornando-se as minhas feridas

Tenho que aceitar que o mar te levou,
Tenho que acreditar que no vento tudo voou
E quem sabe um dia chegue a ti
A vontade que tive de amar-te só a ti

Todos os sorrisos, e abraços
Todos os momentos, hoje fracassos
Eu tudo perdi,
Tudo deixei pelo que vivi

E sinto a ondulação
Já não é igual
O teu coração parou
E tudo no mar é desigual

E sempre que oiço os murmúrios
Dizerem que o teu silêncio é mudo
Apetece arrancar
Todos os sentimentos que me fazem te amar

Morreste mas não em mim,
Não aceito ser este o teu fim
Cruel destino e ironia
Que te fez pagar cada dia

Tal como te conheci,
Hoje também te perdi
Da forma como soube de ti,
Tento comunicar o sentimento que envolvi

Quero ser tua para sempre,
Não consigo mudar
O sentimento que quer te agarrar
Em ter-te eternamente

A dor reflecte-se em mim de forma esmagadora
Mas luto por ti, sendo sofredora
De um sentimento que não devolvi
Sempre que me deste e eu recebi

Mesmo passado todo este tempo
Relembro cada recordação e momento
Ainda tudo vivo em mim,
Meu amor, não quero que seja o fim

Mas tanto valor mostras-te
Desta história que em mim renasce
Para ser recontada e ressentida
Meu amor, terei força ou serei mera vencida?

Toda a força que te dei,
Em mim usá-la não sei
Mas hoje sei e entendo
Cada sentimento que vinhas dizendo sofrendo

E sempre que estou a tentar,
Todas as palavras acabam por regressar
Não consigo me despedir
Não tenho vontade de partir

Ficaria aqui para sempre,
Olhando o mar, somente…
Esperando qualquer sinal,
Que me pudesse fazer crer no teu olhar

(Ela sorriu)
Acredito que o meu sonho partiu,
E a ti, irá chegar
Dono do meu coração, senhor do meu Mar!

Não me irei despedir
Amanhã estaremos de novo, a sorrir
Quem sabe a voar,
Sobre a nuvem mais alta, ou no mar a flutuar

Não te direi,
Nem um Adeus, meu Amor
Amanhã não haverá mais dor
E quem sabe eu amar-te-ei


Patrícia Vieira
2.01.2009

Luz

Abro o meu coração Ele espera receber-te Deixa que o invadas de paixão De sonho e fantasias por pertencer-te Um pontão com sentimentos agarr...